terça-feira, 5 de junho de 2012

Momentos

Antes que me esqueça, e porque não sei bem como já passou uma semana, vou deixar um relato de como o João decidiu chegar... as coisas mais importantes não se esquecem mas há pormenores que também não queremos perder. E aviso, é um relato longo, provavelmente demasiado explícito para algumas pessoas, mas isto é para mim (nós) e só lê quem quer ok? :-)

Na 3ª feira (38s e uns dias) tinha ido ao hospital porque o J. estava muito sossegadinho. O CTG e observação indicaram que o nascimento ainda não estava para breve. Na 6ª feira (39s) fui à consulta de rotina e estava à espera de ouvir a mesma coisa. Quando a médica me disse que deveria nascer durante o fim de semana porque já tinha o colo do útero meio apagado e as contracções também eram intensas custou-me a acreditar. Nem a deixei fazer as 'maldades' habituais para acelerar o processo porque na minha cabeça ainda tinha muitas coisas para arrumar antes.

Ness dia, antes e depois da consulta estive no escritório a organizar a papelada. Saimos de lá depois das 21h e as contracções sempre presentes. No dia seguinte de manhã não parei enquanto não organizei mais qualquer coisa e fomos 'matar saudades' da nossa pirralha que estava na casa dos avós desde 5ª feira. Almoçámos fora, fomos passear à praia e só depois fomos para casa. Contracções de 10 em 10 minutos.

Ao final da tarde comecei a perceber que a pequena não devia ficar connosco ou corriamos o risco de ter de acordá-la a meio da noite ou acordar a familia para vir cá para casa. Lá chamámos os sogros que vieram jantar connosco e a levaram novamente, sempre bem disposta.

Ao inicio da noite as contracções andavam de 6 em 6, 8 em 8, 5 em 5... mas nada de consistente. No curso de preparação diziam-me que para um segundo filho devemos ir para o hospital com contracções de 10 em 10, mas eu não tinha mais sintomas nenhuns que não fossem as contracções e o meu maior receio era chegar lá demasiado cedo, sem dilatação e ter de lá estar horas e horas deitada e fui ficando por casa...

Acabei de arrumar algumas coisas. Coloquei na mala o que faltava e expliquei ao F. onde estava mais roupa do João, que roupa deveria levar para mim mais tarde, etc, etc... (a cara dele mostrava bem que não se ia lembrar de nada mais tarde :D)

Tirei fotos da barriga. Estive a ver o Rock in Rio. Linkin Park e depois Smashin Pumpkins. O pai ia cronometrando a duração de cada contracção e o tempo entre cada uma delas. Já depois da meia noite tive duas contracções que me fizeram "parar" a sério e foi o click para a ordem de partida.

Saimos de casa à 1h. Estava fresco mas acho que o tremor no corpo era pela ansiedade de estar a chegar a hora. Fomos bem dispostos, sem trânsito e em meia hora estávamos a entrar na urgência.

Quando me chamaram perguntaram-me o que estava lá a fazer. Contracções regulares, com dor mas suportáveis, sem ruptura de bolsa. Mas sendo de 'longe' e um segundo filho achei melhor não arriscar. Deviam estar ocupados (estavam, vim a sabê-lo depois*) e fui fazer ctg antes de ser observada. Estive quase até às 3h sozinha e sem poder avisar o F. do que se passava. As contracções atingiam o pico que a máquina registava e continuavam regulares.

Quando finalmente me vieram buscar pude estar com o F. antes de ser vista pela médica.Aproveitei para beber um iogurte porque se fosse para ficar acabava-se a comidinha e eu sou menina de muito sustento! Voltei a entrar. A médica observou-me e enquanto o fazia perguntava-me como eram as minhas dores. A enfermeira pergunta-lhe se não viu o ctg e ela responde que sim, claro, mas quer que eu lhe diga. Digo o de sempre... que doem mas se aguentam. E finalmente ouço o que quero ouvir: você está com praticamente 5 dedos de dilatação. Daqui é para o bloco!!!

Mandam entrar o F. que tinha a mala com as coisas, vêm colocar-me a linha IV para o soro (foi dificil mas por milagre não ficou hematoma) e ficamos na sala de observação porque o bloco está a ser preparado. Ficamos por lá uns 30 ou 40 minutos... a médica muito simpática, a enfermeira idem, dá-nos logo outro conforto estar num ambiente assim.

Bloco: novamente observada e na mesma com os 5 dedos. Quer epidural? Quero ver como evolui... começam as dores mais fortes, digo que sim, que quero epidural porque nem sou assim tão resistente à dor ;-)  Seriam umas 4h nesta altura. O anestesista chegou por volta das 5h. Foi uma hora longa. As contracções vinham muito seguidas, fortes e se no inicio as massagens ajudavam, mais à frente, quando as mãos do F. me tocavam parecia que estava a levar um choque. Lembro-me perfeitamente do descontrolo momentâneo. Olhava para o relógio, tentava fixar-me num ponto qualquer (o número de série da máquina do ctg... não sei como não o decorei!) e esquecia-me de respirar! Depois lá fazia como recomendado e, não aliviando a dor, ajudava a superar.

A sensação de fazer força ia aumentando e pedia ao F. que tentasse saber do anestesista, que finalmente chegou. Ter contracções seguidas, dolorosas e ter de ficar imóvel para receber a epidural também foi 'interessante'. As festinhas e mimos das enfermeiras ajudaram... e a calma e confiança do médico também. A anestesia fez efeito de imediato e não me deu reacção secundária nenhuma, como da primeira vez. Continuei a sentir as contracções mas a dor bastante mais suave.

Chega a enfermeira parteira e felicidade nossa é a mesma que fez o parto da nossa filhota. Muito querida, experiente e cheia de boas energias. Mais uma estrelinha do nosso lado. Quando vai ver como está a evolução diz-me que está mesmo quase , 9 dedos e tal... e tinha acabado de levar a epidural! Se me tivessem visto antes provavelmente já não tinha levado!

Com isto tudo, as águas não tinham rebentado e a parteira aparece com uma agulha de crochet gigante (da qual eu já tinha ouvido falar mas nunca tinha visto) e eu começo a relembrar as histórias que depois disto é que custa. Mas com 9 dedos e tal também já não deve demorar muito e a epidural até está a fazer efeito e o puto não sai sem as águas portanto vamos lá... e rebenta e vem o dilúvio e pronto... mais uma etapa.

E força, e força e força... e custa porque a epidural faz bem às dores mas também retira a vontade natural de fazer força... mas eu faço... e durante algum tempo nada. E muita força e agora não faça mais! E volte a fazer e 6.04h temos João cá fora. Ao colo da mãe. Mãozinhas tão roxas... tinha uma circular no pescoço, mais uma voltinha no braço e uma em redor da cintura. Nem sabia que o cordão era tão grande. Diz a parteira que por estar tão enroladinho com a força ele descia mas depois voltava a subir. Não mamou logo porque a enfermeira estava pronta para fazer os testes e limpar e vi-o tão roxinho que também preferi que ele fosse logo visto.

Mãe (3 pontos para ser igual ao primeiro...) e bebé despachados, recobro (J. a mamar ainda antes de ter 1 horinha cá fora) e um internamento calmo finalizam esta história... ou este primeiro capítulo pelo menos...

E ser mãe de dois é cansativo mas tão bom... :)


* Durante a estadia no bloco soube que a parturiente anterior queria sair porta fora já depois de ter levado epidural e tudo... e aí percebo que o meu descontrolo nem foi assim tão grande como isso... :)

6 comentários:

  1. Que lindo texto, Paulinha! :)
    Consegues descrever a parteira? Se calhar conheço-a da obstetrix! :)
    Felicidades para os 4!
    Beijinhos! *.*

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    1. É a Emília... cabelo encaracolado, sotaque do centro/norte... muito simpática!

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  2. e correu tudo muito bem!
    agora queria um texto acerca da Alarica a conhecer o irmão, pode ser? BEIJOS A TODOS!!!!!

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  3. Pode, pode! Assim que houver mais um bocadinho esse é o próximo :) Bjs x

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  4. É uma BOA recordação. E vais ver que daqui a uns anos te vais rir ao ler isto :)

    PARABÉNS XXX

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  5. Desculpa o atraso, mas só agora dei conta.

    Muitos parabéns a ti e aos quatro.

    Que sejam uma família muito feliz!

    Bjs

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